Foto: Cachoeira no Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros

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terça-feira, 12 de julho de 2016

As tempestades e seus estilhaços

Árvores com raízes à mostra, telhados esburacados, paredes lascadas...
Ruas cobertas com galhos, violentamente lançados ao chão,
Entulhos de todos os tipos, postes dobrados.. Apavorante!!!

O belo São Conrado parecia àquelas imagens longínquas da TV
Eu nunca havia visto nada semelhante
Casas não habitáveis, outras destelhadas completamente e a maioria parcialmente.
Árvores deitadas ao chão com ruas sem passagem,
Lágrimas a rolarem... Lugares irreconhecíveis...

Redemoinhos a rodopiar velozmente
Um deles gira no ar, um grande cinzeiro de cristal...
Varrendo em círculos, um corredor interno da bela casa, na Leblon.
Felizmente... Escolhe!
Explodir o vidro lateral e continuar sua fúria do lado de fora...

Alívio em nos perceber vivos sem grandes arranhões físicos...

Furacões explodem casas!
Tempestades emocionais expõem crateras em carne viva,
Trazendo à tona memórias ancestrais
Repetidas em relações humanas, pautadas por “jogos de poder”.
Onde reina a competição, bajulação e interesses outros...
“Jogo de poder” a roubar energia... Na “farsa”, no faz de conta...
Jogamos sem perceber! A destruir... Autoestima, dignidade, respeito...

Dissipar tempestades emocionais na expressão de inquietações...
De forma simples e amorosa... Um exercício nem sempre fácil,
Mergulhar em quem sou. Que desejos são realmente meus?
Desarmar, abrir mão do “jogo”, do ter razão...

A tempestade no São Conrado uniu pessoas. Magicamente, em poderosos “encontros”.
Mulheres, homens, crianças, juntos a espalhar carinho, afeto, suor...
Na reconstrução de casas afetadas

O ”desapego” às antigas coisas guardadas nos sótãos das casas,
Em nossos campos de memória... Vão se escorrendo...
Abrindo espaço para seres outros, em que vamos, nos tornando.
Misturados uns com os outros com a chuva, o vento, o luar, o brilho do sol.
Árvores a brotar nas ruas e jardins...

Deixando-se fecundar pelo fluxo da vida...
A criar “campos intensivos”, a formar e desvanecer.
Em “encontros” com ideias, coisas, pessoas, que nem sabemos quem são...
Talvez, aí habite a força do existir... Uma arte a se exercitar